Não sabemos dialogar digitalmente.
Somos experts em discutir e debater, atacar e ironizar. Tratamos as conversas como se fossem combates highlander, no qual apenas um pode sobreviver.
Nos dedicamos pouquíssimo, quase nada, a bons diálogos.
Puxo aqui a definição proposta por Humberto Mariotti, da qual gosto bastante:
Diálogo (reflexão conjunta e observação cooperativa da experiência) é um método de conversação que busca melhorar a comunicação entre as pessoas e a produção de idéias novas e significados compartilhados.
É um método que permite que as pessoas pensem juntas e compartilhem os dados que surgem dessa interação, sem procurar analisá-los ou julgá-los de imediato.
Subindo também em seus ombros, listo as principais diferenças entre o diálogo e a discussão/debate:
Objetivos do diálogo
- Abrir questões
- Mostrar
- Estabelecer relações
- Compartilhar ideias
- Questionar e aprender
- Compreender
- Ver as relações entre as partes e o todo
- Fazer emergir ideias
- Revelar a pluralidade das ideias
Objetivos da discussão/debate
- Fechar questões
- Convencer
- Demarcar posições
- Defender idéias
- Persuadir e ensinar
- Explicar
- Examinar as partes em separado
- Descartar as ideias vencidas
- Fazer acordos
Isso significa entender que estamos explorando coletivamente, não brigando.
Por aqui estamos nos esforçando bastante pra construir e manter um espaço que privilegie a comunicação tão direta e clara quanto possível entre as pessoas. Parte disso passa por evitar ao máximo evitar subterfúgios de comunicação – sejam eles de quaisquer tipo, estéticos, estilísticos, sofismáticos, emocionais ou lógicos.
Não que haja um problema com as linguagens estilísticas em si – naturalmente, a gente pode escolher falar assim.
O problema é que isso pode se tornar uma camada desnecessária, que atrapalha a comunicação. Um obstáculo que a pessoa tem de transpor pra conseguir nos entender – se eu não entendo perfeitamente o seu código, não entendo o que você quer comunicar.
Ou um manto protetor, no caso de apelidos e avatares fictícios, que nos distanciam do outro e facilitam sermos brutos e irônicos de um modo que jamais seríamos cara a cara.
Como estamos lidando com muitas pessoas diferentes, com visões diferentes, nós tentamos limpar ao máximo, facilitamos pro outro para que sejamos entendidos.
Nos colocamos inteiros, com nome e rosto, na conversa. A tendência é que os diálogos se tornem cada vez melhores por estarmos ali, "presentes". Os laços de confiança entre as pessoas se fortalecem.
Passamos a conhecer quem está do outro lado.
Em resumo, procuramos falar de coração e realmente ouvir, por assumirmos de saída que nossa prioridade máxima é a comunicação, não os jogos de linguagem.
Portanto, sugiro usarem fotos e nomes reais ao comentar. O espaço agradece.
Grande abraço!
* * *
Para aprofundar:
- Diálogo: um método de reflexão conjunta e observação compartilhada da experiência, por Humberto Mariotti
- Use os comentários como um mago
- On dialogue, livro de David Bohm
publicado em 06 de Agosto de 2013, 11:49